Termos usados para definir o inferno
Duas palavras gregas e uma hebraica nos dão o roteiro para a compreensão da realidade do inferno, nas Escrituras Sagradas. Os gregos e os romanos, partindo da mitologia e da religião do império, consideravam que o tártaro era o lugar para onde iam as almas. O tártaro estava localizado abaixo do Hades. Assim, o Hades era o lugar dos mortos, um lugar de sombras, lúgubre e frio. Essa palavra [Hades] aparece 11 vezes no Novo Testamento [Mt 11.23; 16.18; Lc 10.15, 16.23; At 2.27,31; 1Co 15.55; Ap 1.18; 20.13-14] e é quase sempre traduzida por inferno, embora às vezes também apareça como "morte".
A segunda palavra grega importante é geena, e é uma corruptela de "vale de Hinom", uma depressão profunda que ficava ao sul de Jerusalém. Ali, sob o governo do rei Manassés, os hebreus sacrificavam seus próprios filhos a Moloque. O ídolo, que era oco, era aquecido por dentro, até ficar em brasa e, então, as crianças eram jogadas em seus braços. Mais tarde virou o lixão de Jerusalém, onde eram queimados as carcaças de animais e os corpos de criminosos executados. O fogo e a fumaça permanente do lixão queimando criou a imagem que os hebreus nos transmitiram de inferno. Devido a esses horríveis pecados, e porque ali também era o lugar onde o lixo era queimado, passou a ser sinônimo de lugar de castigo eterno [Mt 18:8,9; Mc 9:43]. Para Jesus, o homem ímpio será lançado no inferno, no vale de Hinom.
Assim, geena é um lugar de tormentos e miséria. É uma dimensão separada da presença de Deus, há trevas, fogo, não há luz, é quente, desconfortável e as condições existentes produzem sede e outros sintomas de insolação. Lá as pessoas perecem, já que estão distante da Vida, que é Cristo. Este lugar foi preparado especialmente para o diabo e seus anjos, mas será também a habitação dos ímpios por toda a eternidade. A palavra geena aparece 12 vezes do Novo Testamento [Mt 5.22, 29, 30; 10.28; 18.9; 23.15, 33; Mc 9.43, 45, 47; Lc 12.5; Tg 3.6].
Dessa maneira, apesar da diferença etimológica das duas palavras gregas elas apresentam uma mesma idéia: um lugar de punição para os perdidos. Ainda encontramos no Novo Testamento o verbo tartaróo como sinônimo de "lançar no inferno". Em 2Pe 2:4 a expressão "precipitando-os no inferno", segundo alguns teólogos, pode referir-se a esfera intermediária (abismos de trevas) onde anjos caídos aguardam o julgamento final, conforme Lc 16:23-26, Ap 20:11-15.